Sabia que ...

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De Cadenet Lola T380 - De Cadenet / Craft - 3º Le Mans 1976


Alain de Cadenet é um piloto e apresentador de TV bem conhecido dos entusiastas portugueses. Elegante, culto e divertido, colecciona selos, carros clássicos e aviões (possui um Spitfire).

Revela uma postura deveras original perante a vida e, segundo confessou recentemente numa entrevista, terá começado a interessar-se pelas corridas porque considerava ser um bom meio de conquistar o sexo oposto! E só depois começou a gostar de competir.

Verdade ou não, certo é que não mais abandonaria o mundo do desporto automóvel e, após ter ensaiado diversos carros (incluindo o Lola T-210 que ardeu em Vila Real e outro que ardeu no Targa Florio) decidiu que com o novo Anexo J de 1972 (que acabava com os Sport de 5 Litros) estaria na altura de chegar ao topo e passar a correr com um Ferrari 312 PB - o carro de 3 litros que mais o impressionara na época anterior.

Mas em Maranello recusaram-se a vender-lhe o seu carro de sonhos pois «seria muito difícil de pilotar por um privado». Isto para não dizer que a Ferrari não vendia estes carros a equipas privadas.

Desiludido, contratou um jovem engenheiro sul-africano chamado Gordon Murray para modificar um Brabham BT 33/2 de Fórmula 1 que o seu amigo Christ Craft usara em 1971, de modo a assemelhar-se ao desejado Ferrari 312 PB, mas neste caso equipado com motor (de F1) V8 Cosworth DFV em vez do Flat-12 Ferrari. Nascia assim o Duckhams LM.

Com este carro e o seu amigo Chris Craft, Alain De Cadenet terminou as 24 Horas de Le Mans de 1972 no 12º posto, depois de terem chegado a rodar na 5ª posição. Ainda regressariam a Le Mans duas vezes antes de converter o chassis para os «Super Saloons» britânicos, com carroçaria de VW Carocha!!!

Para substituir o Duckhams LM, Alain de Cadenet adquiriu um Lola T380 novo que modificou a seu gosto e com o qual alinhou nas 24 Horas de Le Mans de 1975, sempre com Chris Craft ao seu lado. No ano seguinte, 1976, modificou ainda mais o chassis e a carroçaria do Lola ficando como o vemos na foto da miniatura que ilustra este texto. A ideia era ter uma carroçaria envolvente, aerodinâmica e com pouco arrasto, que se adaptasse bem ao rápido circuito de Le Mans.

O resultado foi excelente e traduziu-se por um inesperado 3º lugar da geral em 1976, com De Cadenet e Craft a falharem a ida ao pódio porque nem lhes passou pela cabeça que tinham conquistado o acesso ao mesmo. De qualquer modo estava realizada a proeza, com dois jovens diletantes londrinos rodeados do seu grupo de amigas e amigos, a conseguirem medir-se com os grandes na mais difícil corrida do mundo.

Como detalhe interessante, note-se que a decoração deste De Cadenet Lola não podia ser mais britânica, como poderão observar nas fotos.

Em 1980, com uma evolução deste conceito e um chassis novo construído pela Thompson, Alain de Cadenet e Desiré Wilson iriam vencer duas provas do Campeonato do Mundo de Endurance, numa demonstração de virtuosismo que marcou o auge da carreira e do sonho do piloto britânico com nome francês.


Ricardo Grilo

Sportscar Portugal

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