A História de uma Lenda

A História de uma Lenda


1925   Top
    Se a vitória de 1923 foi quase ignorada a nível internacional, quase uma prova do Campeonato de França, a vitória inglesa da Bentley teve efeitos absolutamente contrários. Nos países de língua inglesa foi empolada de uma forma tal que a supremacia do carro britânico sobre os demais foi considerada como efeito Histórico, Honra nacional, etc, etc...
    Todo este 'barulho' à volta da vitória de 1924 deu nova vida às 24 Horas e a Organização evoluiu mais uma vez. Para começar os donos dos terrenos em que se corria parte da prova resolveram pedir uma verba muito superior. O A.C.O. não cedeu e resolveu mudar todas as instalações para um terreno que já lhes pertencia. E assim as tribunas, as boxes, os gabinetes de imprensa, cronometragem, pesagem, vistoria, etc, assentaram arraiais em plena recta de... Hunaudières.
    O regulamento passou a obrigar à selagem de vários órgâos mecânicos, a manivela para o motor de arranque foi proibida em todos os carros de ignição eléctrica, passou a ser exigido um mínimo de vinte voltas entre cada reabastecimento de combustível, água e óleo. A capota levantada foi obrigatória à partida. Os carros passaram a alinhar em espinha 45º, na ordem decrescente de cilindrada e os pilotos iniciavam a prova do lado oposto da pista, correndo para os carros e arrancando. Nascera a célebre partida de Le Mans que se conservaria até 1969.
    O plantel dos concorrentes, subiu aos 49 carros. Inscritos mas faltando às verificações, um AC, um Chrysler e a equipa Omega.
    Como facto negativo o ocorrer das primeiras mortes directamente ligadas ao circuito. André Guilbert, ao volante de um Ravel, encontrou a morte num acidente de estrada quando, no sábado de manhã, se dirigia para o circuito. O carro chocou de frente contra um camião, e Marius Mestivier na corrida.
    À partida o mais rápido foi Duff, em Bentley (havia um prémio para o acontecimento), mas o campeão de GP, Segrave, em Sunbeam fez um arranque tipo canhão, ganhando o comando. Mas a embraiagem ressentiu-se e o abandono surgiu à 32ª volta. Os Bentley, que tinham feito jogo igual com os Sunbeam, encostam cedo: o nº 10 à 19º volta com falta de gasolina e, o dos vencedores do ano anterior (nª 9), à 64ª volta com rutura no tubo de combustível seguido de um principio de incêndio. O orgulho britânico evaporava-se... voltavam os Franceses. Os Chenard viriam a sofrer de um mal geral: rotura dos radiadores. Mesmo assim o vencedor de 1923, antes de abandonar à 90ª volta, ainda rubricaria de novo a melhor volta com 9m 10s à média de 112,987 km/h.
    Ao fim de 12 horas dois Lorraine estão no comando, separados por duas voltas. Só 72 quilómetros atrás aparece o Sunbeam nº16 com o chassis partido. O resto da corrida não tem história. O Lorraine Dietrich vence com Gérard de Courcelles e André Rossignol, sendo o o primeiro carro com motor de 6 cilindros a vencer a prova percorrendo 2233,98 km e estabelecendo um novo máximo ultrapassando em 24 km a distância de 1923. Sete dos carros que terminaram a prova ultrapassaram a barreira dos 2000 km. Os dois OM, nºs 29 e 30 terminam, ex-aecquo, na 4ª posição geral. Todos os records de cilindrada foram batidos. Problemas do Lorraine nº4 fizeram-no cair para terceiro e o Sunbeam consegue o segundo lugar, tapando e fazendo esquecer um pouco o desaire dos Bentley.
  • É adoptada a largada tipo 'Le Mans': Os carros eram colocados na diagonal de 45º de um lado da pista, e de outro lado os pilotos, que ao sinal, atravessavam a pista, entravam nos carros, ligavam os motores e arrancavam, iniciando-se assim a prova.
  • 1ª vitória de um carro com motor de 6 cilindros, um La Lorraine, que foi pilotado pelos Franceses Gérard de Courcelles e André Rossignol.
  • Um Chrysler vindo dos Estados Unidos e 5 equipas Italianas dão o primeiro passo internacional da prova.
 

Textos de Jorge Curvelo, Francisco Muniz e Luis Santos
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