A História de uma Lenda

A História de uma Lenda


1927   Top
    A severidade demonstrada pelos comissários no ano anterior criou uma enorme celeuma. O regulamento tornou-se ainda mais apertado: as primeiras 20 voltas continuavam a correr-se com capota: a Organização iria fornecer a todas as marcas concorrentes um único tipo de gasolina, com nome de código ECO; todo o material, até aí arrecadado nas boxes para eventuais reparações deixou de ser utilizável. Só o que seguisse a bordo do carro concorrente serviria para a reparação. E, um controle antes da prova, obstava a que pudesse haver aldrabice. Houve ainda revisões das distâncias mínimas impostas, beneficiando um pouco as mais baixas cilindradas. Tudo isto teve consequências. E, a lista de inscritos foi a primeira: apenas 23 carros estiveram nas verificações e, um acidente de um dos carros na manhã do dia da prova, baixou este número para 22, o menor de sempre.
    Como um de seus engenheiros foi morto nos treinos, os dois carros da OM tiveram que ser retirados.
    Os Bentley partem em formação, tomando, desde logo, o comando das operações. Apesar dos esforços desesperados dos Ariès e Salmson a corrida é inglesa. Até que cai a noite. Até essa hora, apenas quatro carros tinham abandonado. Mas à 26ª volta o Theo Schneider nº11 despista-se em Maison Blanche. O nº12, que o seguia de perto entra em pião, seguido pelo nº29 que rodava já muito atrasado. A pista fica bloqueada mas surgem, acelerador a fundo, os dois Bentley nº1 e nº2. É o pânico, barulho de ferros batidos, chiar de travões, gritos de assistentes e espectadores. Cinco carros «out». Faltava aparecer, entretanto, o terceiro Bentley e futuro vencedor. De pé sobre o travão, ziguezagueando entre os destroços, o piloto consegue safar-se da zona fatídica mas com a frente e lado direito todo batido, sem farol, guarda-lamas apontando aos céus. Assim... terminará com algumas reparações possíveis, já que as peças suplentes não seguiam, todas, no carro, tal como o regulamento estipulava. Com o chassis rachado, suspensão e direcção torcidas, o Bentley rapidamente perde o comando. Ao romper da aurora o Ariès nº4 possui quatro voltas de avanço. Mas, pelas 14h28m desfaz-se o sonho francês. Desistindo, em Mulsanne, com o distribuidor partido. O avanço sobre o Bentley era, ainda de oito minutos, mas a prova terminava às 16h. Quase levado ao «colo», o Bentley arrancava a ferros a segunda vitória em Le Mans...
    O record de distância de 1926 não foi batido mas o nº1 de Clément pela primeira vez desceu o tempo por volta abaixo dos 9 minutos: 8m46s á média de 118,142 km/h que passou a ser o novo record do circuito.
  • Segunda vitória de um Bentley, desta vez com o Dr. John Dudley «Benjy» Benjafield e Sydney Charles Houghton «Sammy» Davis.
  • Surge o primeiro concorrente com tracção dianteira, um Tracta que termina em 7º lugar.
 

Textos de Jorge Curvelo, Francisco Muniz e Luis Santos
Facebook