Resumo da corrida

Resumo da corrida

 1924 Next

Conseguir que carros corressem durante 24 horas.
Esta foi, no Verão de 1923, a corajosa aposta de um grupo de apaixonados pelas corridas no Automobile-Club de L'Ouest. No início, o público respondeu por simples curiosidade, para depois se converter num autêntico entusiasta.

 

O Automobile-Club de La Sarthe, que depressa se converteria no ACO (Automobile-Club L'Ouest), foi fundado oficialmente a 24 de Janeiro de 1906.
Sob o impulso de Georges Durand, a primeira pessoa do departamento francês a possuir um triciclo De Dion, organizou a 26 e 27 Junho de 1906 o primeiro Grande Prémio do Automobile-Club de France. O circuito então por um traçado com 103 km de extensão. Em 1911, disputou-se ali o primeiro Grande Prémio de França e, em 1920, a primeira corrida automobilística do pós-guerra. Contudo, foi com um traçado de 17,262 km que nasceu a lenda, naquela que foi a primeira edição da corrida hoje conhecida em todo o mundo como as 24 Horas de Le Mans.

Uma corrida sem cronómetro

Embora Le Mans fique para sempre conhecida como a corrida automobilística mais famosa do mundo, as provas de vinte e quatro horas não nasceram em La Sarthe mas sim nos Estados Unidos em 1916. Contudo, as particularidades de Le Mans fizeram com que fosse esta a competição a ficar para a história. O Grande Prémio de Resistência de 24 Horas, «Taças Trienais RudgeWhitworth» era para automóveis estritamente de série. Muitos fabricantes consciencializaram-se de que um bom resultado numa prova assim teria uma repercussão publicitária formidável. O objectivo era recompensar com um troféu, que seria entregue após a edição de 1925, à equipa que percorresse a maior distância num tempo designado. Os pilotos tinham de efectuar eles próprios as reparações ou qualquer outro tipo de intervenção nos seus carros. Esta, era uma forma de assegurar que a prova durasse pelo menos três anos e, por outro lado, de mostrar ao público as qualidades de cada fabricante. Embora se tratasse de uma corrida, a classificação apenas tinha em conta o número de voltas realizadas. A cronometragem só servia para obterem estatísticas, como, por exemplo, o recorde de uma volta. Assim, três tripulações partilharam o quarto lugar com 112 voltas e houve outros dois empates: um no 12º lugar, com 98 voltas, e outro no 15º, com 93.


Às quatro da tarde e com um tempo horrível, deu o sinal de partida o jornalista e apresentador Charles Faroux. Sob uma incrível tempestade de granizo, os participantes passaram pela primeira vez debaixo do passadiço da Dunlop, já então instalado nesta primeira edição. Até ao entardecer cairam sobre La Sarthe trombas de água. Por isso, os primeiros momentos da corrida foram disputados sobre uma pista coberta em grande parte de terra e que depressa ficou em péssimas condições. Antes da saída, muitos aguentaram a hecatombe uma vez que a fiabilidade não era a única incógnita. De facto, a iluminação dos automóveis daquele tempo estava longe de ser a adequada e custa imaginar os bólides lançados noite dentro a mais de 100 km/h de média, ou seja, com velocidades de ponta que superavam facilmente os 150 km/h e com estes faróis, ou pouco eficazes ou simplesmente avariados!

Os organizadores não sabiam nessa altura que a sua corrida se iria tornar no melhor banco de ensaios (muito antes da Fórmula 1) para experimentar soluções técnicas que mais tarde se incorporariam nos carros de série. Com uma corrida de grande formato como era uma prova de 24 horas, as sucessivas edições exigiriam dos fabricantes ideias para melhorar sem cessar as prestações: aderência, conforto, fiabilidade, travagem, consumo, potência, aerodinâmica, etc. No momento de baixar a bandeira de xadrez aconteceu o inimaginável: dos trinta e três carros que alinharam à partida, trinta cruzaram a linha da meta depois de terem percorrido a distância mínima imposta em função da cilindrada. No ano seguinte, 1924, as coisas seriam bem diferentes, mas isso é outra história...


Lendas de Le Mans
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