Resumo da corrida

Resumo da corrida

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Esta décima sétima edição das 24 Horas de Le Mans merece a categoria de Restauração depois de dez anos parada por causa da guerra. Mas o passado serviu de base à reedição desta prova que o público não conseguiu esquecer.
 

Das quarenta e nove equipas que se apresentaram à partida naquele sábado de 25 de Junho de 1949, só uma era de fábrica, a Aston Martin-Lagonda, que inscreveu o novíssimo DB2 nº19, pilotado por Johnson e Brachenburry. O carro, no entanto, viu-se obrigado a abandonar à sétima volta, vítima da bomba de água do motor Lagonda de 2.6 litros. Ao nível das novidades, os iniciados esperavam de pé firme um carro novo vindo de Itália que se chamava Ferrari. Este fantástico cabriolet desportivo de motor V12 de 2 litros, apresentado no Salão de Turim em Março de 1949, pesava apenas 800 Kg e desenvolvia 140 cv com uma velocidade máxima de 220 km/h. Parecia bastante frágil ao lado dos Delahaye, Delage e Talbot, mas tinha a seu favor a frescura da novidade, enquanto a imensa maioria dos restantes concorrentes se compunha de bólides velhos com, pelo menos, dez anos. Por causa da guerra, a Mercedes e sobretudo a BMW, que se distinguira com o 328, estavam proibidas de competir. Mesmo assim, o motor do 328 não deixou de ser utilizado no Frazer Nash inglês, um fantástico pequeno bólide que terminou em terceiro na classificação geral.

Se esta edição de 1949 apresentava um conjunto de carros um pouco folclórico, a aventura vivida por Luigi Chinetti (vencedor por duas vezes da prova) não lhe ficou atrás. O piloto italiano faz parte das figuras lendárias de Le Mans ao consagrar-lhe, de 1930 a 1990, toda a sua paixão e fortuna. A ele se ficou a dever sem dúvida alguma a descoberta de grandes talentos como os irmãos Pedro e Ricardo Rodriguez.

Em toda a sua carreira, inscreveu nada menos do que cinquenta e cinco automóveis em La Sarthe! Mas falemos da sua vitoria em 1949. Lorde Selsdon escolheu-o para companheiro no seu Ferrari 166 MM pessoal já que Enzo Ferrari se recusou a fazer participar um carro em nome da Scuderia alegando a fragilidade recorrente do 166 MM. Como bom aristocrata, o lorde inglês degustou até à última gota uma garrafa de conhaque pouco antes da partida e ficou logicamente impossibilitado de guiar nestas condiçoes. Luigi Chinetti teve de pilotar durante treze horas e meia antes de poder passar o carro para as mãos do seu colega de equipa. No total das vinte e quatro horas, permaneceu cerca de vinte e três ao volante. Por não sofrer de muitas diferenças de pilotagem, a embraiagem não mostrou qualquer sinal de fadiga. Luigi Chinetti pôde assim voar para a sua terceira e última vitória nas 24 Horas de Le Mans.


Lendas de Le Mans
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