Le Mans - uma breve história
Com 83 edições concluídas em 92 anos de existência, as «24 Horas de Le Mans» são a mais antiga e a prova rainha
das provas de resistência. Com elas nasceram e passaram grandes nomes do automobilismo mundial, a expressão
"Sangue, suor e lágrimas" ajusta-se na perfeição a esta prova mítica. Fique a saber um pouco da história
desta prova magnífica.
A primeira edição das 24 Horas de Le Mans teve lugar no ano de 1923. Surgiu da ideia de Emile Coquile então director da revista «Roue Fil» que criticava os automóveis da época por serem demasiado frágeis, que não obedeciam aos itens de segurança e performance apresentados na publicidade então oferecida pelos construtores. Surgiu assim a ideia com a ajuda de Georges Durand e de Charles Faroux de criar uma corrida de resistência de 24 horas, onde se pudesse provar aquilo que os construtores anunciavam.
Assim nasceu, depois de consultado o Instituto Meteorológico, a primeira edição das 24 Horas de Le Mans, que se intitulavam GRAND PRIX d'ENDURANCE de 24 HEURES "COUPE RUDGE-WHITWORTH", utilizando um circuito formado por estradas perto da cidade de Le Mans com 17,262 km. A organização coube ao "AUTOMOBILE CLUB DE L'OUEST", entidade fundada em Janeiro de 1906, que estaria também na organização do primeiro «Grand-Prix» de France em 1906. Esta primeira edição não podia ter corrido melhor para os franceses, André Lagache e René Leonard vencem a primeira edição ao volante de um Chenard et Walcker ao efectuar 2.209,536 km à média de 92,064 km/h. Para a história ficam os feitos dos Brasier nºs17 e 18, bem como o Berliet nº12 que concluíram as 24 horas sem mudarem um único pneu e o record de somente 3 abandonos!!!
Desde então a prova assumiu por mérito próprio o estatuto de rainha das provas de resistência, não se realizando em 1936 devido às greves ocorridas em França, muito em particular no sector da indústria automóvel, e no período de 1940 a 1948 devido à Segunda Grande Guerra, na qual a pista foi utilizada como pista de aviação.
Na primeira década, a prova seria dominada pela Bentley, que com os seus «Bentley Boys» conseguiriam 5 vitórias com 4 consecutivas (1924 a 1927) e a de 1930 com Woolf Barnato ser o primeiro totalista de vitórias com 3 vitórias em 3 participações. Surgiu-se depois o domínio da Alfa Romeo também com 4 vitórias consecutivas, de 1931 a 1934.
Depois do período da guerra a prova renasce das cinzas com toda a pujança, surgiram inovações técnicas, algumas loucuras e viveram-se também horrores.
Em 1949 surge pela primeira vez a Ferrari, que vence no ano de estreia, com Luigi Chinetti e Lord Selsdon ao volante, esta vitória teve a particularidade de Chinetti ter conduzido 23 horas e meia, porque Lord Selsdon abusou do conhaque e não estava em condições de pegar no volante!!! Em 1950 Louis Rosier e o seu filho Jean-Louis Rosier vencem a prova ao volante de um Talbot Lago, Rosier pai, conduziu durante todo o tempo tendo o filho Jean-Louis efectuado apenas 2 voltas, porque era muito lento!!! O Talbot Lago não era mais que um Fórmula 1 equipado com guarda-lamas e farois. Ainda no ano de 1950, conta-se que Eddie Hall num Rolls Bentley Corniche teria efectuado as 24 horas ao volante, não tendo saído do banco do condutor por motivo nenhum!, tal feito não consta nos livros oficiais, talvez por não ter sido francês! Em 1952 «Pierre Levegh» tenta também ele efectuar a prova a solo, tendo desistido a pouco mais de uma hora do final quando estava no comando da prova com 4 voltas de avanço sobre o segundo classificado, quando o cansaço o fez falhar uma passagem de caixa e ter partido o motor do seu Talbot.
O dia mais negro do automobilismo mundial acontece no dia 11 de Junho de 1955, quando o Mercedes de «Pierre Levegh» embate no Austin-Healey de Lance Macklin em frente às tribunas tendo o Mercedes sido projectado para as tribunas onde explodiu matando 83 pessoas incluindo o próprio Levegh e ferindo cerca de 100. O acidente acontece quando o Jaguar de Mike Hawthorn que então liderava a prova ultrapassa o Austin-Healey, como possuía travões de disco trava mais tarde e guina para a respectiva box, levando o Austin-Healey a fugir para o lado esquerdo para não lhe bater, apanhando Levegh de surpresa que não evitou a colisão. Constou-se na altura que o facto do Mercedes ter explodido teria sido por utilizar um combustível não regulamentar, tal facto nunca foi confirmado. O acidente teve repercussões a nível mundial, com o Papa Pio XII e o presidente da república francesa René Coty a apresentarem as condolências às respectivas famílias. Como consequência do acidente, foram efectuadas muitas obras na zona de boxes, que foram demolidas e construídas mais afastadas da tribuna e com o afundamento da linha de meta. Outra das consequências do acidente fez com que a Mercedes abandonasse as competições a nível oficial, retomando-as somente no final dos anos 80. A Suíça interdita todas as corridas em circuito por as achar perigosas, interdição essa que ainda hoje perdura.
Os anos 1960 começam com o domínio da Ferrari, com 6 vitórias consecutivas (de 1960 a 1965). No entanto a Ford tenta comprar a Ferrari, a compra esteve quase consumada, mas na hora de assinar o acordo Enzo Ferrari recusa e a Ford promete vingar-se humilhando a Ferrari no seu território, as corridas de resistência, para isso investe no Ford GT 40. No ano de 1966 a vingança consuma-se mas de uma forma polémica no seio da Ford, à dupla de Ken Miles/Denny Hulme que liderava a corrida é ordenado que espere pelos carros 2 e 5, pilotados por Chris Amon/Bruce McLaren e Ronnie Bucknum/Dick Hutcherson respectivamente para terminarem a prova em formação, a formar a letra V de vitória, mas o que se passou é que o carro número 2 de Amon/McLaren ultrapassa o número 1 e termina com uma vantagem de 20 metros. Miles e Hulme não gostaram, Tinham reduzido o andamento por indicação superior das boxes e automaticamente acusaram os dirigentes da Ford de os terem posto no segundo lugar. Jacky Ickx, foi o responsável pela abolição da mítica largada em espinha com os pilotos a correr para os respectivos carros, quando em 1969 se recusou a partir para o seu carro, partindo a caminhar somente quando todos já tinham largado, por achar este tipo de partida perigosa, já que era comum os pilotos não colocarem os cintos de segurança, fazendo-o só depois da primeira volta, para não perderem tempo na partida. Os seus receios confirmaram-se quando John Woolfe sofre um violento acidente em Maison Blanche e teve morte imediata ainda durante a primeira volta de corrida. Para provar que não era necessário correr riscos desnecessários na largada, Ickx vence a prova ao impor-se ao Porsche 908 de Gérard Larrousse/Hans Herrmann por... 120 metros.
A década de 1970 ficaria imortalizada pelos duelos da Porsche com o 917, (inicialmente um carro difícil de conduzir mas que se tornaria numa arma mortífera) e a Ferrari com os seus 512. Le Mans teve também honras na sétima arte, quando Steve McQueen participa no filme "Le Mans" realizado por Lee H. Katzin ao volante de um Porsche 917 (na realidade um Lola T70 com carroçaria de Porsche 917) com imagens reais obtidas pelo Porsche 908 da "Solar Productions". O filme surgiria na sequência do "Grand Prix" de 1966 realizado por John Frankenheimer. A Porsche vence pela primeira vez à geral com o 917K em 1970 pelas mãos de Hans Herrman e Richard Attwood. Em 1971 também com um Porsche 917K Helmut Marko e Gijs van Lennep vencem a prova, obtendo um record que duraria até ao ano de 2010, 5.335,313 km efectuado à média de 222,304 km/h. Ainda nos anos de 1970, a Matra levaria a melhor nos anos 1972 a 1974, no que foi o melhor período francês na prova, obtendo as 3 vitórias com carros e motores franceses, o único "intruso" se assim se pode dizer seria Graham Hill que em 1972 partilhava a vitória com Henri Pescarolo. O Turbo surge em Le Mans pelas mãos da Porsche em 1974 com os Carrera RSR com um segundo lugar. A vitória surgiria em 1976 com um 936 pilotado por Jacky Ickx e Gijs van Lennep.
Os anos 1980 começam com uma feito inédito e único em Le Mans, Jean Rondeau, filho da terra, vence a prova ao volante de um carro por ele construído, um Rondeau M379B com Jean-Pierre Jaussaud frente à todo poderosa Porsche, vitória que custou a "engolir" a muita gente, já que a equipa francesa utilizaria um motor Ford Cosworth em vez dos motores franceses. O surgimento dos Grupo C, segundo as novas regras da FISA para controlar os consumos, trouxe um domínio avassalador da Porsche, que de 1981 a 1988 vencem 7 vezes com os 936 (Grupo 6), 956 e o 962, neste período fica o domínio de 1983 que nos 10 primeiros lugares da geral 9 eram Porsche 956, simplesmente arrasador!
Na década seguinte a Mazda vence em 1991 com um motor Wankel pela primeira e única vez, já que estes motores seriam banidos. A Peugeot vence em 1992 e 1993 frente à Toyota que apesar de uma forte oposição só consegue obter 2 segundos lugares, em 1992 são admitidos pela primeira vez carros de um só lugar, mais conhecidos por "Single Seaters", que eram Peugeot 905 Spyders inscritos como WR LM92. A morte anunciada dos Grupo C, trás de novo os GT como classe principal e posteriormente os protótipos LMP, Nos GT, em 1994 a Porsche vence com um 962 homologado como carro de estrada pela Dauer com Yannick Dalmas/Hurley Haywood/Mauro Baldi e com a McLaren a vencer com um F1 no ano seguinte com J. J.Lehto/Masanory Sekiya/Yannick Dalmas. A Porsche volta a dominar os 3 anos seguintes, primeiro com um protótipo curioso, um chassis desenvolvido pela TWR para a Jaguar como XJR14, posteriormente seria convertido num Mazda MXR01, no entanto a Porsche que tinha desistido de construir um protótipo utilizaria um chassis Jaguar que seria convertido em Spyder e baptizado como Porsche WSC-95, com este chassis vencem em 1996 e 1997, nesta última vitória surge um tal de Tom Kristensen que partilharia o volante com Stefan Johansson e Michele Alboreto.
Entramos no novo milénio e com novo virar de página na história da prova, a Audi que surgiria pela primeira vez em 1999 com dois chassis (R8R e R8C). No ano de 2000 surge o domínio da marca alemã que em 15 anos consegue 13 vitórias, se a isto incluirmos a primeira vitória de uma viatura Diesel (R10 em 2006), de uma viatura hibrida e 4x4 (R18 e-tron quattro) que para além de um motor Turbo-Diesel utilizaria também 2 motores eléctricos nas rodas dianteiras, o que o tornaria como um 4x4. Tom Kristensen torna-se o primeiro piloto a conseguir bater o mítico record de vitórias de Jacky Ickx, para já, nada mais nada menos do que 9 (1997, 2000 a 2005, 2008 e 2013). As viaturas híbridas vieram para ficar, o regulamento prevê que as equipas LMP1 oficiais tenham sistemas híbridos, o que fez que em 2014 tenham surgidos 3 construtores a lutarem pela vitória (Audi R18 e-tron quattro, Toyota TS040-Hybrid e Porsche 919-Hybrid).
Em 2011 surge o projecto "Garage 56", que consiste em fazer alinhar uma viatura na categoria CNDT (Cars Displaying New Technologies), em 2012 a viatura participante foi o DeltaWing, viatura com baixo arrasto aerodinâmico e forma algo controversa utilizando um motor de 4 cilindros e 1600cc de origem Nissan, não terminou a prova devido a acidente, para 2013 a solução seria o Green GT, uma viatura movida a hidrogénio, não participou na prova por o protótipo não estar pronto a tempo útil, em 2013 surge novo protótipo, baseado no DeltaWing, agora com a carroçaria fechada e com motor Nissan de 3 cilindros 1500cc e motor eléctrico, o objectivo seria efectuar uma volta completa no modo eléctrico por cada turno de condução, o carro acabou por abandonar ao fim de 5 voltas com problemas de caixa de velocidades. Para 2016 ainda no projecto "Garage 56" surge o primeiro piloto quadriplégico, Fréderic Sausset, que devido a uma infecção hospitalar viu ser-lhe amputados os 4 membros. O seu Morgan equipado com motor Nissan é totalmente adaptado à sua condição física.
A primeira edição das 24 Horas de Le Mans teve lugar no ano de 1923. Surgiu da ideia de Emile Coquile então director da revista «Roue Fil» que criticava os automóveis da época por serem demasiado frágeis, que não obedeciam aos itens de segurança e performance apresentados na publicidade então oferecida pelos construtores. Surgiu assim a ideia com a ajuda de Georges Durand e de Charles Faroux de criar uma corrida de resistência de 24 horas, onde se pudesse provar aquilo que os construtores anunciavam.
Assim nasceu, depois de consultado o Instituto Meteorológico, a primeira edição das 24 Horas de Le Mans, que se intitulavam GRAND PRIX d'ENDURANCE de 24 HEURES "COUPE RUDGE-WHITWORTH", utilizando um circuito formado por estradas perto da cidade de Le Mans com 17,262 km. A organização coube ao "AUTOMOBILE CLUB DE L'OUEST", entidade fundada em Janeiro de 1906, que estaria também na organização do primeiro «Grand-Prix» de France em 1906. Esta primeira edição não podia ter corrido melhor para os franceses, André Lagache e René Leonard vencem a primeira edição ao volante de um Chenard et Walcker ao efectuar 2.209,536 km à média de 92,064 km/h. Para a história ficam os feitos dos Brasier nºs17 e 18, bem como o Berliet nº12 que concluíram as 24 horas sem mudarem um único pneu e o record de somente 3 abandonos!!!
Desde então a prova assumiu por mérito próprio o estatuto de rainha das provas de resistência, não se realizando em 1936 devido às greves ocorridas em França, muito em particular no sector da indústria automóvel, e no período de 1940 a 1948 devido à Segunda Grande Guerra, na qual a pista foi utilizada como pista de aviação.
Na primeira década, a prova seria dominada pela Bentley, que com os seus «Bentley Boys» conseguiriam 5 vitórias com 4 consecutivas (1924 a 1927) e a de 1930 com Woolf Barnato ser o primeiro totalista de vitórias com 3 vitórias em 3 participações. Surgiu-se depois o domínio da Alfa Romeo também com 4 vitórias consecutivas, de 1931 a 1934.
Depois do período da guerra a prova renasce das cinzas com toda a pujança, surgiram inovações técnicas, algumas loucuras e viveram-se também horrores.
Em 1949 surge pela primeira vez a Ferrari, que vence no ano de estreia, com Luigi Chinetti e Lord Selsdon ao volante, esta vitória teve a particularidade de Chinetti ter conduzido 23 horas e meia, porque Lord Selsdon abusou do conhaque e não estava em condições de pegar no volante!!! Em 1950 Louis Rosier e o seu filho Jean-Louis Rosier vencem a prova ao volante de um Talbot Lago, Rosier pai, conduziu durante todo o tempo tendo o filho Jean-Louis efectuado apenas 2 voltas, porque era muito lento!!! O Talbot Lago não era mais que um Fórmula 1 equipado com guarda-lamas e farois. Ainda no ano de 1950, conta-se que Eddie Hall num Rolls Bentley Corniche teria efectuado as 24 horas ao volante, não tendo saído do banco do condutor por motivo nenhum!, tal feito não consta nos livros oficiais, talvez por não ter sido francês! Em 1952 «Pierre Levegh» tenta também ele efectuar a prova a solo, tendo desistido a pouco mais de uma hora do final quando estava no comando da prova com 4 voltas de avanço sobre o segundo classificado, quando o cansaço o fez falhar uma passagem de caixa e ter partido o motor do seu Talbot.
O dia mais negro do automobilismo mundial acontece no dia 11 de Junho de 1955, quando o Mercedes de «Pierre Levegh» embate no Austin-Healey de Lance Macklin em frente às tribunas tendo o Mercedes sido projectado para as tribunas onde explodiu matando 83 pessoas incluindo o próprio Levegh e ferindo cerca de 100. O acidente acontece quando o Jaguar de Mike Hawthorn que então liderava a prova ultrapassa o Austin-Healey, como possuía travões de disco trava mais tarde e guina para a respectiva box, levando o Austin-Healey a fugir para o lado esquerdo para não lhe bater, apanhando Levegh de surpresa que não evitou a colisão. Constou-se na altura que o facto do Mercedes ter explodido teria sido por utilizar um combustível não regulamentar, tal facto nunca foi confirmado. O acidente teve repercussões a nível mundial, com o Papa Pio XII e o presidente da república francesa René Coty a apresentarem as condolências às respectivas famílias. Como consequência do acidente, foram efectuadas muitas obras na zona de boxes, que foram demolidas e construídas mais afastadas da tribuna e com o afundamento da linha de meta. Outra das consequências do acidente fez com que a Mercedes abandonasse as competições a nível oficial, retomando-as somente no final dos anos 80. A Suíça interdita todas as corridas em circuito por as achar perigosas, interdição essa que ainda hoje perdura.
Os anos 1960 começam com o domínio da Ferrari, com 6 vitórias consecutivas (de 1960 a 1965). No entanto a Ford tenta comprar a Ferrari, a compra esteve quase consumada, mas na hora de assinar o acordo Enzo Ferrari recusa e a Ford promete vingar-se humilhando a Ferrari no seu território, as corridas de resistência, para isso investe no Ford GT 40. No ano de 1966 a vingança consuma-se mas de uma forma polémica no seio da Ford, à dupla de Ken Miles/Denny Hulme que liderava a corrida é ordenado que espere pelos carros 2 e 5, pilotados por Chris Amon/Bruce McLaren e Ronnie Bucknum/Dick Hutcherson respectivamente para terminarem a prova em formação, a formar a letra V de vitória, mas o que se passou é que o carro número 2 de Amon/McLaren ultrapassa o número 1 e termina com uma vantagem de 20 metros. Miles e Hulme não gostaram, Tinham reduzido o andamento por indicação superior das boxes e automaticamente acusaram os dirigentes da Ford de os terem posto no segundo lugar. Jacky Ickx, foi o responsável pela abolição da mítica largada em espinha com os pilotos a correr para os respectivos carros, quando em 1969 se recusou a partir para o seu carro, partindo a caminhar somente quando todos já tinham largado, por achar este tipo de partida perigosa, já que era comum os pilotos não colocarem os cintos de segurança, fazendo-o só depois da primeira volta, para não perderem tempo na partida. Os seus receios confirmaram-se quando John Woolfe sofre um violento acidente em Maison Blanche e teve morte imediata ainda durante a primeira volta de corrida. Para provar que não era necessário correr riscos desnecessários na largada, Ickx vence a prova ao impor-se ao Porsche 908 de Gérard Larrousse/Hans Herrmann por... 120 metros.
A década de 1970 ficaria imortalizada pelos duelos da Porsche com o 917, (inicialmente um carro difícil de conduzir mas que se tornaria numa arma mortífera) e a Ferrari com os seus 512. Le Mans teve também honras na sétima arte, quando Steve McQueen participa no filme "Le Mans" realizado por Lee H. Katzin ao volante de um Porsche 917 (na realidade um Lola T70 com carroçaria de Porsche 917) com imagens reais obtidas pelo Porsche 908 da "Solar Productions". O filme surgiria na sequência do "Grand Prix" de 1966 realizado por John Frankenheimer. A Porsche vence pela primeira vez à geral com o 917K em 1970 pelas mãos de Hans Herrman e Richard Attwood. Em 1971 também com um Porsche 917K Helmut Marko e Gijs van Lennep vencem a prova, obtendo um record que duraria até ao ano de 2010, 5.335,313 km efectuado à média de 222,304 km/h. Ainda nos anos de 1970, a Matra levaria a melhor nos anos 1972 a 1974, no que foi o melhor período francês na prova, obtendo as 3 vitórias com carros e motores franceses, o único "intruso" se assim se pode dizer seria Graham Hill que em 1972 partilhava a vitória com Henri Pescarolo. O Turbo surge em Le Mans pelas mãos da Porsche em 1974 com os Carrera RSR com um segundo lugar. A vitória surgiria em 1976 com um 936 pilotado por Jacky Ickx e Gijs van Lennep.
Os anos 1980 começam com uma feito inédito e único em Le Mans, Jean Rondeau, filho da terra, vence a prova ao volante de um carro por ele construído, um Rondeau M379B com Jean-Pierre Jaussaud frente à todo poderosa Porsche, vitória que custou a "engolir" a muita gente, já que a equipa francesa utilizaria um motor Ford Cosworth em vez dos motores franceses. O surgimento dos Grupo C, segundo as novas regras da FISA para controlar os consumos, trouxe um domínio avassalador da Porsche, que de 1981 a 1988 vencem 7 vezes com os 936 (Grupo 6), 956 e o 962, neste período fica o domínio de 1983 que nos 10 primeiros lugares da geral 9 eram Porsche 956, simplesmente arrasador!
Na década seguinte a Mazda vence em 1991 com um motor Wankel pela primeira e única vez, já que estes motores seriam banidos. A Peugeot vence em 1992 e 1993 frente à Toyota que apesar de uma forte oposição só consegue obter 2 segundos lugares, em 1992 são admitidos pela primeira vez carros de um só lugar, mais conhecidos por "Single Seaters", que eram Peugeot 905 Spyders inscritos como WR LM92. A morte anunciada dos Grupo C, trás de novo os GT como classe principal e posteriormente os protótipos LMP, Nos GT, em 1994 a Porsche vence com um 962 homologado como carro de estrada pela Dauer com Yannick Dalmas/Hurley Haywood/Mauro Baldi e com a McLaren a vencer com um F1 no ano seguinte com J. J.Lehto/Masanory Sekiya/Yannick Dalmas. A Porsche volta a dominar os 3 anos seguintes, primeiro com um protótipo curioso, um chassis desenvolvido pela TWR para a Jaguar como XJR14, posteriormente seria convertido num Mazda MXR01, no entanto a Porsche que tinha desistido de construir um protótipo utilizaria um chassis Jaguar que seria convertido em Spyder e baptizado como Porsche WSC-95, com este chassis vencem em 1996 e 1997, nesta última vitória surge um tal de Tom Kristensen que partilharia o volante com Stefan Johansson e Michele Alboreto.
Entramos no novo milénio e com novo virar de página na história da prova, a Audi que surgiria pela primeira vez em 1999 com dois chassis (R8R e R8C). No ano de 2000 surge o domínio da marca alemã que em 15 anos consegue 13 vitórias, se a isto incluirmos a primeira vitória de uma viatura Diesel (R10 em 2006), de uma viatura hibrida e 4x4 (R18 e-tron quattro) que para além de um motor Turbo-Diesel utilizaria também 2 motores eléctricos nas rodas dianteiras, o que o tornaria como um 4x4. Tom Kristensen torna-se o primeiro piloto a conseguir bater o mítico record de vitórias de Jacky Ickx, para já, nada mais nada menos do que 9 (1997, 2000 a 2005, 2008 e 2013). As viaturas híbridas vieram para ficar, o regulamento prevê que as equipas LMP1 oficiais tenham sistemas híbridos, o que fez que em 2014 tenham surgidos 3 construtores a lutarem pela vitória (Audi R18 e-tron quattro, Toyota TS040-Hybrid e Porsche 919-Hybrid).
Em 2011 surge o projecto "Garage 56", que consiste em fazer alinhar uma viatura na categoria CNDT (Cars Displaying New Technologies), em 2012 a viatura participante foi o DeltaWing, viatura com baixo arrasto aerodinâmico e forma algo controversa utilizando um motor de 4 cilindros e 1600cc de origem Nissan, não terminou a prova devido a acidente, para 2013 a solução seria o Green GT, uma viatura movida a hidrogénio, não participou na prova por o protótipo não estar pronto a tempo útil, em 2013 surge novo protótipo, baseado no DeltaWing, agora com a carroçaria fechada e com motor Nissan de 3 cilindros 1500cc e motor eléctrico, o objectivo seria efectuar uma volta completa no modo eléctrico por cada turno de condução, o carro acabou por abandonar ao fim de 5 voltas com problemas de caixa de velocidades. Para 2016 ainda no projecto "Garage 56" surge o primeiro piloto quadriplégico, Fréderic Sausset, que devido a uma infecção hospitalar viu ser-lhe amputados os 4 membros. O seu Morgan equipado com motor Nissan é totalmente adaptado à sua condição física.