1965 «Estas primeiras voltas ao circuito de Le Mans, o piloto adora-as, o copiloto inveja-as e o diretor de corridas detesta-as. Parece que todos os planos, cuidadosamente elaborados, foram levados pelo vento quando os primeiros quatro ou cinco carros passam a um ritmo infernal em frente aos stands, em luta pelo primeiro lugar. Este clima de excitação morre ao fim de algumas voltas, quando as distâncias entre os líderes aumentam e as posições dos que os seguem estabilizam, salvo para alguns desafortunados que, tendo partido mal, lutam para ganhar terreno.
É a altura da prova que prefiro. Os carros estão perfeitos e os pilotos estão frescos para a corrida. Tal como era esperado, o sol brilha ao entardecer, a estrada está seca (é geralmente o caso) e a condução é agradável.
Mas a obscuridade sucede ao crepúsculo enganador e, repentinamente, o campo de visão reduz-se ao alcance dos faróis. Não existem até ao momento faróis capazes de permitirem em segurança a velocidade de 320 quilómetros por hora numa estrada cheia de carros. Mas, de certa maneira, a obscuridade ajuda a combater as perigosas diferenças de velocidade no circuito de La Sarthe, onde os Ford e os Ferrari desaguam velozmente na longa reta de Mulsanne a mais de 320 à hora, passando como clarões pelas viaturas mais lentas que lutam pelas categorias e dificilmente ultrapassam os 160 à hora. Rolar a 160 km/h em estradas abertas é uma façanha para um condutor médio mas, em Le Mans, isso representa a diferença entre os mais rápidos e os mais lentos.» |