Resumo da corrida

Resumo da corrida

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Depois do desinteresse das equipas de fábrica, 1930 foi para as 24 Horas de Le Mans um ano de um profundo questionamento. Uma nova regulamentação abriu a prova a mais participantes, o que, a partir de 1931, deu um impulso decisivo à maior prova automobilística de resistência do mundo.
 

Dois anos depois do crash da bolsa de 1929, o interesse por Le Mans recebeu um novo alento graças a Faroux e Durand que autorizaram, pela primeira vez, as equipas privadas a medirem forças com os construtores. Dezanove carros privados, entre os quais o monstruoso Mercedes SSK com compressor de 7.1 litros pessoal de Boris Ivanowski, prepararam-se para enfrentar os três Austin, o Alfa Romeo e os três Bugatti oficiais. A Bentley, saciada com as suas quatro vitórias anteriores, e sobretudo por causa do anúncio da saída do seu líder Barnato, não esteve presente.

Assistiu-se a uma grande estreia, a inscrição de uma marca italiana, a Alfa Romeo, que vinha dispostas a mostrar a sua força. Com efeito, a firma italiana, depois da aquisição da ALFA por Nicola Romeo em 1915, há já algum tempo que vinha juntando coroas de louros em todos os circuitos do mundo. Apesar de algum azar nas Migle Miglia no começo da temporada, venceu logo de seguida a Targa Florio pelas mãos do grande piloto italiano Nuvolari. A sua vinda a Le Mans era pois temida por todos, sobretudo com o especialista das 24 Horas Sir Henry «Tim» Birkin ao volante do seu automóvel. Convém lembrar que o 8 cilindros de 2.3 litros era sobrealimentado e desenvolvia cerca de 180 cv. Foi com este modelo que Enzo Ferrari obteve o seu último sucesso em Col de Penice em 1931.

Os espactadores, que ocorreram ainda em maior número, contribuíram para confirmar a notoriedade da prova. Tudo indicava que se iria assistir a uma luta acirrada. Os Bugatti, o Mercedes e o Alfa Romeo demonstraram a sua potência. Graças ao seu motor excepcional, o SSK chegou a bater o recorde da volta mais rápida, mas o carro exigia um esforço extraordinário aos seus pilotos, que se viram aflitos para rivalizar com o ágil Alfa Romeo. O peso excessivo dos três Bugatti de 5 litros acabou por se fazer sentir: não havia pneu que os conseguisse aguentar e as derrapagens que os vitimaram obrigaram a equipa a dseistir após apenas vinte voltas ao circuito. O de Odette Siko e Margueritte Mareuse abandonou depois de ser desclassificado por um reabastecimento antes de tempo. Ficou claro que era necessário conservar o espírito essencial da corrida, isto é, mostrar ao público que os carros utilizados se aproximavam dos de série e que eram suficientemente fiáveis para não se avariarem repetidamente.

O aviso dado pelo desinteresse das fábricas em 1930 acabou por ser útil à sobrevivência das 24 Horas de Le Mans. Ao decidirem abrir as inscrições aos privados, Georges Durand e Charles Faroux mataram «doi coelhos de uma só cajadada». Além de recuperarem uma grelha bastante preenchida, deram-se conta de que as fábricas não eram imbatíveis.

Pondo de parte o Mercedes absolutamente inacessível em termos de preço, a verdade é que um Talbot privado conseguiu subir ao pódio. E Henri Trebor e Luis Balart terminaram em 4º lugar com o seu Lorraine-Dietrich já ultrapassado, semelhante ao modelo que venceu a prova em 1925! A serpente Alfa Romeo ainda surripiará as três edições seguintes. Ganhar as 24 Horas de Le Mans tornar-se-ia rapidamente um precioso incentivo.


Lendas de Le Mans
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