Resumo da corrida
Depois de modificado em 1929, o traçado das 24 Horas de Le Mans foi mais uma vez alterado na sua décima edição. Mesmo amputada em cerca de 3 km, a pista de La Sarthe manteve-se uma passagem incontornável da competição automóvel. |
A pesar da recessão económica da época, a urbanização galopante fez crescer a cidade de Le Mans. Assim, o circuito automóvel das 24 Horas, traçado dez anos antes, teve de ser remodelado por razões de segurança. Suprimiu-se a ponta do circuito que descia na direcção da cidade e Les Raineries passaram a estar ligadas ao Tertre Rouge por uma passagem especialmente arranjada de cerca de 500 m. A sua extensão passou portanto dos 16.340m para os 13.492m, uma configuração que se manteve até 1956. Confiante pela sua vitória no ano anterior a Alfa Romeo regressou em força com seis modelos 8C, dois deles inscritos directamente pela fábrica. Um sétimo Alfa modelo 6C foi pilotado por Odette Siko que concorria por conta própria. Pode pensar-se que se tratava de um capricho de rico, mas Mme SÍko já tinha participado nas edições de 1930 e 1931, na companhia de Marguerite Mareuse. Desta feita aproximou-se do pódio, deixando o 3º lugar para o Talbot de Lewis/Rose Richards com apenas uma diferença de 25 km. Se quase todos achavam ser muito provável que os carros italianos se iriam impor; também houve quem pensasse naqueles que lhes poderiam oferecer alguma resistência. O Bentley 4.5 litros privado de Brousselet/Trevoux parecia ultrapassado, mas o que o eliminou foi um despiste logo na primeira volta. O enorme Mercedes Benz SSK de Paul e Marcel Foucret percorreu menos de 300 km antes de ser traído pelo seu motor, enquanto os três Aston Martin LM de fábrica não tinham quaisquer pretensões à vitória final, tendo em conta os seus 1500 cc de cilindrada. Debaixo de um sol abrasador, a prova decidiu-se muito depressa com os Alfa Romeo 2.5 litros no comando da corrida. A competição não perdeu o interesse para o público, graças, mais uma vez, às inúmeras desistências: só nove carros à chegada contra os vinte e seis que partiram. Às 4 da manhã, quatro Alfa seguiam à cabeça, um deles pilotado pelo incontornável Tim Birkin. Mas assim que amanheceu, viu-se obrigado a desistir por causa de uma perfuração no depósito de combustível, enquanto Minoia, noutro Alfa, estabeleceu o recorde da volta mais rápida, antes de ser vítima de um acidente. No final, o italiano Luigi Chinetti e o jovem francês Raymond Sommer (que pilotou sozinho cerca de vinte horas da corrida) deram à Alfa Romeo a sua segunda vitória. Chinetti vencerá em Le Mans em 1932 e 1934. Grande amigo de Enzo Ferrari - que nessa altura preparava os Alfa Romeo -, foi ele, muito provavelmente, que influenciou a Ferrari a construir os seus próprios automóveis. Mais tarde, inscreveria pela terceira vez o seu nome no palmarés da famosa corrida. Foi na primeira edição do pós-guerra em 1949, ao volante de um... Ferrari! |
Lendas de Le Mans Planeta de Agostini |