Resumo da corrida
O espólio guardado pela Ferrari em Le Mans desde 1960 não iria ficar por aí três anos depois. As classificações das 24 Horas de Le Mans da edição de 1963 foram simplesmente espectaculares. |
As estatísticas indicam um verdadeiro domínio da firma do Cavallino Rampante. Um pódio cem por cento Ferrari com o recorde da maior distância alguma vez percorrida nas 24 Horas de Le Mans, os três primeiros lugares no índice de desempenho, metade das viaturas classificadas tambem desta marca e, finalmente, o recorde da volta mais rápida. É verdade que então, mais do que nunca, a concorrência não tinha ilusões quanto à potência de fogo da marca italiana, e não seriam os cinco Aston Martin ou os três Maserati a conseguir derrubar o gigante de então. Esperavam, quando muito, apanhar algumas migalhas. A trigésima primeira edição das 24 Horas de Le Mans também permanecerá nos anais como a primeira a acolher um carro particularmente surpreendente: o BRM. Tratava-se do primeiro carro de corridas equipado com um motor de turbina. Utilizando um chassis de Fórmula 1 do ano anterior especialmente modificado para acolher o segundo banco regulamentar, foi-lhe atribuída uma cilindrada de 2000 cc, em paridade com a turbina Rover. Durante os treinos de Abril, todos se divertiram a ver passar este automóvel de «fundição pura» cuja carroçaria nem sequer estava pintada. Mas ninguém dava a menor hipótese a este engenho esquisito com o seu assobio tão característico. No entanto, quando anunciaram os nomes dos seus pilotos - o inglês Graham Hill e o americano Richie Ginther -, o gozo deu lugar às dúvidas. Mas raros foram aqueles que apostaram no veículo que se qualificou na 26ª posição. Mesmo assim, no fim da prova, o BRM tinha percorrido 4172 km, a uma média de 173,346 km/h, que o colocava num virtual 7º lugar. Na realidade, corria fora da classificação por causa da arquitectura específica do seu motor. Este desempenho deu-lhe a ganhar os 25.000 francos da época prometidos pelo ACO (Automobile Club de l'Ouest) ao primeiro veículo a turbina que conseguisse terminar a prova com mais de 3600 km percorridos. A vitória teria certamente pertencido ao duo John Surtees/Willy Mairesse se um incêndio não tivesse destruído 250 P em Tertre Rouge logo após um reabastecimento. Tratar-se-ia portanto de uma vitória cem por cento italiana com o 250 P protótipo de Lorenzo Bandini e Ludovico Scarfiotti que terminou muito à frente do 250 GTO (categoria GT) n.º 24. O final foi incrível com apenas 120 metros de distância entre os segundo e terceiro Ferrari depois das 24 horas da corrida. Assistiu-se portanto a uma espécie de repetição antes da chegada lendária das 24 Horas de Le Mans de 1969. Mas essa é outra história... |
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