Resumo da corrida

Resumo da corrida

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Desde a primeira edição de 1923, os organizadores das 24 Horas de Le Mans aperceberam-se de que tinham acertado em cheio. Em 1924, entraram na corrida os elementos que a iriam tornar célebre: muito público, festa na cidade e os azares em pista.
 

Foi certamente por causa do tempo deplorável sentido em Maio de 1923 que o Automobile-Club de L'Ouest decidiu adiar a data da corrida do ano seguinte para meados de Junho. A ideia foi acertada uma vez que um caloroso tempo de Verão saudou a segunda edição do «Grande Prémio de Resistência de 24 Horas, as Taças Rudge-Whitworth» nos dias 14 e 15 de Junho de 1924. E o público também aderiu em grande número ao evento. Foi montada uma área com atracções de todos os géneros: pistas de baile desmontáveis, orquestras de jazz e com acordeões, barraquinhas, etc. Até montaram um cinema! Para facilitar a circulação do público, uma passadeira cruzava a recta das boxes e unia-as às tribunas situadas em frente. Na direcção da corrida, Charles Faroux continuava a ser o comissário geral da prova, contando com a colaboração de Paul Rosseau, que três anos mais tarde iria fundar o jornal L'Argus.

Carros de série

A ideia inicial continuava vigente, como mesmo objectivo de se conseguir uma preparação sem falhas dos automóveis de série. Com muito raras excepções, os carros de corridas eram preparados com base em modelos comerciais. lsto era válido também para o chassis, embora a maioria estivesse reforçada nos pontos submetidos a maiores esforços. Esta segunda edição foi alvo de alguns ajustes, com várias modificações no regulamento. Por exemplo, para o seu correcto funcionamento, os participantes partiam com a capota aberta e tinham de parar ao fim de cinco voltas para a fechar. Depois, deviam dar um mínimo de vinte voltas com a capota fechada e a partir daí cada um era livre de escolher o momento para voltar a abri-la.

Com 41 inscritos, a grelha de partida encontrava-se bem preenchida, sendo a maioria dos participantes franceses, tanto ao nível dos pilotos como dos carros. um único Bentley veio de Inglaterra. No que respeita a pilotos estrangeiros, havia dois ingleses (que levariam o Bentley nº 8 à vitória), os belgas do (Bignan nº 28) e Montier (Montier Spéciale nº 23), os espanhóis De Zuniga (Chenard & Walcker nº 30) e de Segóvia (Sara nº 47) e um único representante italiano, Foresti (Aries nº 12).

Mas, ao contrário do ano anterior, a corrida resultou num autêntico desaire com 25 abandonos. Curiosamente, a causa principal não foram os acidentes, pois apenas o Georges lrat nº 27 de Douarinou/Malleveau e o Chenard & Walcker dos irmãos Bachmann se despistaram. Apesar de alguns radiadores perfurados, devido a pedras projectadas por outros veículos, originarem vários abandonos prematuros, as avarias nos motores foram a causa principal dos problemas. É muito provável que a origem destas quebras fosse uma nova cláusula no regulamento que obrigava a selar os depósitos de óleo, gasolina e água para impedir que fossem reabastecidos antes de perfazerem 20 voltas desde o precedente. Contudo, segundo o piloto André Pisard, companheiro de Chavée no Chenard & Walcker 2 litros nº 31, o número de veículos a cruzar a meta ainda devia ter sido menor. Após uma partida que teve lugar às quatro da tarde em ponto «com um ruído infernal e um pó inimaginável», os acontecimentos não pararam de acontecer. À sexta volta, o Chenard nº 9 de Bachmann capotou num gancho. Lagache, o vencedor da edição anterior assumiu a liderança ao volante do Chenard nº 3. Por azar, o motor incendiou-se e o carro ficou envolto em chamas na volta nº 27, mas, por sorte, sem nenhuma consequência para o piloto. A meia hora do final, Chavée (o co-piloto de Pisard) deixou de passar, tinha-se-lhe bloqueado um servofreio na recta das Hunaudièries. Beneficiado por estes incidentes, o Bentley colocou-se na liderança da corrida até ao fim. O único Chenard & Walcker sobrevivente, o carro nº30 de Dauvergne/De Zuniga, teve a mesma avaria de Pisard e já com a meta à vista. Aparentemente, eram demasiado poucos os carros que tinham conseguido terminar a prova. Sem saber o que fazer, Charles Faroux convocou uma reunião de emergência com os comissários e tomou uma decisão: a classificação seria feita segundo a distância percorrida por cada carro. Segundo este, todos os que tinham superado a distância mínima imposta em função da sua cilindrada seriam classificados, independentemente da hora em que tinham parado. Assim, depois de terem abandonado, Pisard/Chavée e Dauvergne/ De Zúniga terminaram nos 4º e 5º lugares da classificação geral. Deste modo, além de se salvar a corrida do ano seguinte com a possibilidade de continuar na classificação da Taça Trienal, a prova também iria contar para a Taça Bienal adjudicada pela soma das distâncias percorridas em 1923 e 1924.


Lendas de Le Mans
Planeta de Agostini
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