Resumo da corrida

Resumo da corrida

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A Bentley ainda não tinha digerido o domínio nos últimos anos em Le Mans da Lorraine-Dietrich, que vencera as duas edições anteriores e que em 1926 monopolizara o pódio. Na linha de partida, a 18 de Junho de 1927, estavam presentes dois Sport de 3 litros e um Super Sport de 4.5 litros, preparados com todo o cuidado.
 

Desde a edição anterior, o circuito de Le Mans contava com sonorização. Deste modo, o público podia seguir com mais facilidade a prova e as incessantes mudanças nas posições. Mas os membros do Automobile Club de l'Ouest (ACO) não estavam de muito bom humor nas vésperas da quinta edição das 24 Horas de Le Mans: apenas 22 carros se tinham apresentado ao controlo técnico (chamado pesagem), quando no ano anterior tinham sido quase o dobro. Tirando os britânicos, não concorreu nenhum piloto estrangeiro (belgas, itaIianos, espanhóis, etc.) Todos sabem que as 24 Horas de Le Mans foram sempre um banco de ensaios de primeira qualidade. Foi o caso, por exemplo, de Jean-Albert Grégoire que o utilizou da melhor forma, fazendo alinhar nesse ano um carro bastante peculiar: de tracção. Junto com o seu amigo Pierre Fenaille, tinha fundado a Société des Automobiles Tracta, que fabricava automóveis de tracção (erroneamente chamada tracção dianteira); este sistema de propulsão era possível graças à sua invenção da junta homocinética que evitava as sacudidelas da transmissão. Grégoire, que pilotou com Lucien Lemesle, conseguiu o 7º lugar com o Tracta nº20. Aliás, distinguiu-se duplamente. Quando o mau tempo se abateu sobre a pista, deu-se o primeiro choque em cadeia da prova, com vários carros «amontoados» na curva de Maison-Blanche. Grégoire foi parar à Clínica Delagénière ferido na cabeça, mas fugiu para terminar a corrida.

Além desta história caricata, a corrida mostrou-se bastante monótona, com pouco público presente devido ao mau tempo. O acidente colectivo em Maison-Blanche arrasou a equipa Bentley. Um Sport e o Super Sport ficaram danificados de mais para poderem continuar: o chassis entortado, um farol partido, um pára-lamas retorcido. Mas Benafield e Davis não se deixaram desanimar com isto tudo. Eles próprios trataram do «bate-chapa» necessário (como estipulava o regulamento) e recuperaram de tal maneira que conseguiram sair vitoriosos. Por outro lado, o futuro das 24 Horas de Le Mans poderia estar em jogo. Woolf Barnato, que acabara de adquirir a maioria das acções da Bentley, depositara enormes esperanças nesta corrida. Como os seus três carros ficaram fora de combate, ameaçava a puxar a toalha. Além disso, persistia o perigo de as 24 Horas se transformarem num duelo franco-britânico. Teria sido uma lástima deixar de ver o desfile de cores com que se pintavam os carros conforme os países: azul para os franceses, verde para os britânicos, vermelho para os italianos, amarelo para os espanhóis, etc. Mas salvou-se a honra: a Bentley obteve a vitória, a primeira de uma série de quatro consecutivas.


Lendas de Le Mans
Planeta de Agostini
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