Resumo da corrida

Resumo da corrida

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Na sétima edição das 24 Horas de Le Mans, o traçado foi modificado, os Stutz surgiram ávidos de vingança e a Bentley, desta feita sem a concorrência da Lorraine-Dietrich, veio decidida a cimentar o domínio iniciado em 1928.
 

No seu segundo ano como concorrente, a marca americana Stutz chegou a Le Mans convencida de ter tudo a postos para se impor no final das vinte e quatro horas de corrida. A marca fundada em 1911 em Indianápolis, confiante no seu novo recorde de velocidade establecido em 1928 em Daytona com 106.53 mph (171.47 km/h), não chegou a La Sarthe para fazer apenas de figurante. Concebeu e preparou três veículos de propósito para esta prova tão importante. As carroçarias eram da autoria de um dos grandes designers daquela época, Gordon Buehring, que trabalhou para as mais prestigiadas marcas americanas como a Packard, Duesenberg, Cord, Auburn ou Chrysler. Estes sportscars denominados L8C utilizavam motores de 5.3 litros de cilindrada alimentados por um sobrecompressor.

Inscreveram-se em nome da filial parisiense da Stutz com duas equipas francesas (Chiron/Brisson e Rotschild/Bouriat) e uma britânica (Watney/Eyston).

Traçado remodelado

A rival mais importante da Stutz, a Bentley, esforçou-se por apresentar armas mais convincentes. O motor de 6.6 litros tornou-se finalmente fiável e Woolf Barnato, o recente accionista maioritário da marca, estava prestes a deixar a sua assintura na prova. Senhor de uma fortuna colossal, este negociante de diamantes era um apaixonado pelos automóveis pouco interessado na rentabilidade das somas astronómicas investidas na competição.

Nada era belo ou caro de mais desde que fosse o melhor... O Speed Six (de 6 cilindros), saído em 1926 directamente para a corrida, revelou-se um verdadeiro avião com cerca de 200 cv de potência disponíveis e demonstrou-o airosamente ao ultrapassar os 200 km/h nas Hunaudières!

O recorde da pista, que já tinha «explodido» em 1928 (8'07" contra os 8' 46" de 1927) foi desta vez literalmente volatilizado com uns incríveis 7'21" realizados pelo mágico Tim Birkin. É verdade que o traçado foi modificado pela primeira vez, com a amputação de cerca de 1 km (16.340 m em vez dos 17.262 m), com a exclusão do apertadíssimo gancho de Pontelieue. A partir de 1929, os veículos passariam a servir-se de um troço que ligava a estrada de Laigné à de Tours. Acessível à circulação normal, hoje chama-se «Rue du Circuit».

Na pista, o festival Bentley foi total: atrás do Speed Six, os três lugares seguintes foram açambarcados pelos modelos de 4.5 litros, obviamente menos velozes que o seu irmão mais novo, mas com o triunfo de uma fiabilidade a toda a prova. Do lado dos organizadores, Charles Faroux, que teria desejado uma corrida cheia de suspense, mostrava-se inquieto com o relativo distanciamento dos construtores: a Chenard & Walcker e a Lorraine-Dietrich, que tinham animado as edições anteriores, não se encontravam presentes. Dos 49 inscritos em 1925, os efectivos caíram para 32 em 1928 e para 25 em 1929. Quanto aos suspense, nem valeria a pena falar dele, tal foi o modo como as máquinas inglesas dominaram os acontecimentos. Mas o público manteve-se irrequieto, espicaçado por Dehorter, um repórter desportivo que, ao microfone, manejava as palavras com a facilidade com que os pilotos se exprimiam ao volante. É verdade que a sonorização aparecera no circuito em 1926, mas era a primeira vez que um virtuoso da eloquência encadeava com tanta facilidade os acontecimentos da prova, a publicidade da última bebida gasosa e as diabruras dos concorrentes. Mas a informação não se limitava aos espectadores. Quem possuísse um TSF (a rádio daquele tempo) podia seguir «em directo» a evolução da corrida.

Provávelmente, esta mediatização contribuiu eficazmente para o desenvolvimento da «mais célebre competição automóvel do mundo».


Lendas de Le Mans
Planeta de Agostini
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