Resumo da corrida

Resumo da corrida

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Se considerássemos as diversas edições das 24 Horas de Le Mans como uma safra, o milésimo 1935 faria parte daqueles anos excepcionais! O número impressionante de cinquenta e oito automóveis à partida com trinta e oito equipas inglesas, fazia adivinhar uma batalha acirrada.
 

Ao contrário das duas edições anteriores, a meteorologia não anunciava bom tempo. trombas de água abateram-se sobre La Sarthe, a 15 e 16 de Julho de 1935. Nestas condições, era difícil saber quem saberia frustrar da melhor maneira as armadilhas e que avarias causadas pela água poderiam vitimar os veículos.

Os prognósticos não faltavam: conseguiria o Duesenberg comprovar a sua reputação? A equipa Alfa Romeo iria impor-se pela quinta vez consecutiva? A prova decorreria num fluxo de contingências. Raymond Sommer liderava a corrida quando o seu Alfa o deixou cair à sexagésima nona volta, seguramente por ter entrado água no seu circuito de alimentação. O Bugatti de Veyron que o seguia de perto partiu a ponte, e o Lagonda de Fontes/Hindmarsh aproveitou para passar a comandar a corrida, disputando numa luta cerrada o primeiro lugar com outro Alfa Romeo 8C, pilotado por Dreyfus/Stoffel, dois clientes habituais das 24 Horas de Le Mans. No final, o italiano foi obrigado a dar a vitória ao inglês, que cortou a meta com menos de 9 km de avanço (quer dizer na mesma volta) no fìm das vinte e quatro horas. Também se destacou a incrÍvel actuação do Delahaye 135 Sport que, na sua primeira participação se classificou em quinto da geral.

Apesar do tempo calamitoso, esta décima terceira edição foi um verdadeiro sucesso. Público, construtores e pilotos foram definitivamente «contagiados» pelo ambiente das 24 Horas e pelos seus tão inesperados percalços, tão mediáticos quanto económicos. Esta vitória do Lagonda, porém, chegou demasiado tarde para a empresa: com uma quantidade de carros armazenados por vender e um enorme buraco na tesouraria, a falência parecia inevitável. Walter Owen Bentley, que tinha vendido a sua sociedade alguns anos antes, foi convencido por Alan Good a juntar-se a ele para recolocar a Lagonda no bom caminho. Este homem salvou efectivamente in extremis a firma inglesa da bancarrota. Assim, é graças a Bentley que surgirá o único motor V12 britânico (com o Rolls-Royce Fantom 111), montado no novo Lagonda V12 lançado em 1937.

Confiante pelo seu relativo sucesso nesta edição, a fábrica Delahaye inscreveu nada menos do que oito automóveis na edição de 1936. A Citroën também se empenhou vigorosamente. No total, dezoito marcas enviaram o seu boletim de inscrição ao ACO. Mas nada previa a avalancha de greves que se abateria sobre a França. Num mês apenas, o cenário da economia francesa seria tão abalado que os organizadores das 24 Horas de Le Mans tiveram de se render à evidência. Seria necessário, pura e simplesmente. anular a quadragésima edição.


Lendas de Le Mans
Planeta de Agostini
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