Resumo da corrida
Enquanto troam os canhões a anunciar a Segunda Guerra Mundial, brandem-se outras armas no Oeste da França. Mas não passa pela cabeça de ninguém que esta edição será a última antes de dez longos anos de ausência. |
Na sua última participação antes de serem afastados por um longo período, os BMW alemães deram um verdadeiro festival à laia de despedida. Os modelos 328, surgidos em 1936, mostraram-se absolutamente imbatíveis na categoria de 2 litros. No fim da 16ª edição das 24 Horas de Le Mans, formaram o trio vencedor na sua categoria nos 5º, 7º e 9º lugares da classificação geral. E que dizer do minúsculo Simca Huit preparado e pilotado por Amédée Gordini que partilhou o seu volante com o belga José Scaron? Com o seu motor de 1100cc, ficou no 10º lugar da geral, a menos de 100 km do BMW que o precedia e a mais de 150 km de um Delahaye de 3.5 litros de cilindrada. Pela primeira vez, um carro de menos de 1100 cc terminava a prova a uma média superior a 120 km/h. Aliás, os dois Simca Huit preparados por Gordini acabaram nos dois primeiros lugares da categoria mais pequena, que agrupava os veículos de 750 a 1100 cc. Mas o que a História retém antes de mais é o automóvel que passou em primeiro lugar pela meta. Pela segunda vez depois da edição de 1937, o Bugatti de Jean-Pierre Wimille venceu as 24 Horas de Le Mans nesta edição de 1939. Um recorde para o piloto: duas participações e duas vitórias! O seu 57G «Tank» é uma das seis versões de competição deste modelo, uma evolução dos Atlantic e Atalante saídos da fábrica alsaciana. Entre um aerodinamismo particularmente conseguido e a adopção de um compressor, o 57G era uma arma temível. Um Tank foi cronometrado a cerca de 200 Km/h na oval de Monthléry, e o nº 1 de Wimille/Veyron bateu então o recorde da distância em La Sarthe com 3354 Km percorridos a uma média de cerca de 140 Km/h. Uma glória funesta também, porque será durante os ensaios de estrada do carro vitorioso que Jean Bugatti perderá a vida em agosto de 1939. A vitória porém, poderia muito bem ter calhado a outros. Por exemplo, ao Delage de Georges Monneret e de Louis Gerard que, depois de se manter perto de vinte horas na liderança da corrida, acabou por se render. Ou a Robert Mazaud e a Marcel Mongin com o seu Delahaye 135S que, depois de terem batido o recorde absoluto da volta mais rápida, tiveram de abandonar por causa de um incêndio depois de cento e quinze voltas. E, finalmente, aos dois Lagonda de fábrica, que, ao apostarem numa regularidade exemplar, conseguiram um lugar no pódio. |
Lendas de Le Mans Planeta de Agostini |