Resumo da corrida

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Apesar de os espectadores já se estarem a habituar, com um novo recorde da volta mais rápida, eram muitos os que se questionavam onde as coisas poderiam parar. A Ferrari e a Jaguar eram as equipas favoritas. Quem cruzaria a meta em primeiro lugar?
 

O novíssimo Jaguar fez sensação. O XK D, que todos conheciam como «Jaguar D», surgiu na Primavera de 1954 com uma única prioridade logo a partir da sua concepção: o aerodinamismo. E dava-lhe muito jeito para tragar os quase 6 km da linha recta interminável de Hunaudiéres do circuito de La Sarthe. Tirando a carroçaria assustadora reconhecÍvel entre mil, com um aileron em cima a modos de barbatana de tubarão, a maioria das soluções técnicas tinham a sua origem no Type C, com uma carroçaria monocasco como não podia deixar de ser, onde se adoptaram os travões de disco que tinham dado a vitória à marca no ano anterior. Mas a Ferrari não lhe ficava atrás com o novo 375 SP de 5 litros, ainda mais agressivo que o 375 MM. Mais pesado com a adopção de uma ponte De Dion que substituiu o eixo rígido da versão precedente, dispunha agora de 345 CV em vez de 340. Comparados com os 250 CV do Jaguar não deixavam de ser impressionantes. Mas o aumento do binário só podia melhorar um motor que era já de si fabuloso. Com Jose Froilan Gonzales ao volante, vencedor do circuito de Silverstone (Grã-Bretanha) no mês anterior, a luta anunciava-se renhida. No sábado, debaixo de uma tromba-d'água, os favoritos depressa ganharam a dianteira, mas o despique não tardou a esmorecer. Na realidade, o 375 Plus de Umberto Maglioli e Paolo Marzotto abandonou com o eixo partido à oitava hora, o de Louis Rosier e Robert Manzon foi-se abaixo de madrugada (caixa de velocidades), enquanto os Type D de Peter Whitehead/Ken Wharton e de Stirling Moss/Peter Walker abandonam a rija pela manhã. Por momentos, pensou-se que tudo estava definido quando o Jaguar de Duncan Hamilton e Tony Rolt se despistou, mas, felizmente para o duelo anglo-italiano, o Type D voltou à pista.

O Ferrari instalou-se à cabeça, graças a um Maurice Trintignant tenaz e voluntarioso e também ao virtuosismo de Jose Froilan Gonzales que pulverizou o recorde anterior de 4'27 de Ascari, efectuando uma volta em 4'16. Depois de uma luta épica, o grande V12 do Cavalino Rampate terminou à frente do Jaguar com apenas 1'45 de avanço. E a Jaguar não se podia queixar pois, mesmo com a experiência do Type C, apresentou na linha de partida um carro com apenas algumas semanas de rodagem. A partir do ano seguinte, o felino saltador mostraria as suas garras (vitória do Jaguar D de Hawthorn/Bueb), infelizmente manchadas pelo terrível acidente em que morreram oitenta espectadores e o piloto Pierre Levegh (Mercedes 300 SLR).


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